Diz-se que muita coisa já aconteceu na Sala Oval, mas a "receção" pública a Zelensky simboliza uma viragem na ordem internacional, e conseguiu fazer de fevereiro um mês "great again"!
Este Trump traz uma trindade nada santa: uma oligarquia tecnológica que não quer verificadores das mentiras que multiplica globalmente, aliada a um espírito confederado e ressentido, que também é isolacionista e antiglobalização, sobretudo quando esta significa o primado da cooperação e do Direito Internacional, ao invés da imposição da força para dividir o globo entre os novos chacais.
Vance, ao pregar "liberdade de expressão" à Europa, fez o frete às grandes tecnológicas, incomodadas com a intermediação entre os factos e a verdade nas redes sociais: a nova liberdade é a liberdade de mentir! Alguns zelotas ressuscitaram a bandeira da Confederação: porque há uma América que vê no Estado Federal um centralismo intolerável, em desfavor da autonomia dos estados, de que é símbolo máximo o Supremo Tribunal Federal, também prova de uma efetiva separação de poderes, modernice que contraria o voluntarismo "legitimado" do líder que tudo pode...
E ainda uma América isolacionista, que se desresponsabiliza do concerto das nações, que não tem pejo em fazer-se pagar na cena internacional com efeitos retroativos, que despreza a soberania dos Estados, e entende que as potências devem mandar no seu "quintal", e que a Europa, baseada no Direito que privilegia a cooperação, é no mínimo um estorvo.
Tudo isto polariza e divide; cria surpresa e estupor... a começar na nação norte-americana, que tem gente, muita gente, doutro quilate, formação e atuação, como a História copiosamente atesta.
Costa avisou: a eleição de Trump era um desafio e uma oportunidade para a Europa.
Está sendo. E a civilização exige que a Europa esteja à altura!